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  • Foto do escritorRodrigo Fadini

Biomassa de ervas-de-passarinho em savanas amazônicas

Todo artigo científico conta uma história sobre algo que aguçou a curiosidade do cientista. Esse artigo não é diferente. Tudo começou durante uma oficina sobre o uso da plataforma ForestPlots.net. Meu objetivo na oficina era aprender a usar a plataforma para inserir dados de estrutura de savana coletados em Alter do Chão-PA.



Durante os intervalos, mostrei a foto (à esquerda) para um dos participantes, o Dr. Reinaldo Barbosa, pesquisador do INPA em Roraima. Trata-se de uma foto da erva-de-passarinho Psittacanthus plagiophyllus, que ocorre em Alter do Chão e é localmente especialista em parasitar cajueiros. Ele arregalou os olhos e me disse: “Puxa! As ervas-de-passarinho nos Lavrados de Roraima não têm todo esse tamanho. Quanto será que isso significa em termos de biomassa? ”. Bem, eu pensei, temos uma pergunta! Só precisava de alguém para tocar o projeto em frente.


A vítima, na ocasião, foi minha esposa, recém-ingressante no Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia da UFOPA, e minha orientada naquela época em que não havia cabrestos institucionais para limitar as orientações. Em julho de 2016, selecionamos 35 ervas-de-passarinho de vários tamanhos e as removemos dos galhos dos seus hospedeiros para pesar todas suas partes (folhas, galhos grossos, galhos finos e material reprodutivo). Antes, fizemos aferições da altura, largura e profundidade da copa de cada erva-de-passarinho, o que nos permitiu ajustar equações que poderiam prever a biomassa através de medidas alométricas.


Depois disso, nos aventuramos procurando ervas-de-passarinho em 13 áreas (342 cajueiros), subindo na copa daqueles que possuíam infecções para medir seu tamanho, utilizando as mesmas medidas tomadas nas 35 ervas-de-passarinho com as quais construímos as equações alométricas. Por fim, ao estimarmos a biomassa em campo, comparamos a biomassa das ervas-de-passarinho com a biomassa de árvores, o que nos permitiu avaliar sua “importância” em termos relativos.


Depois de algumas idas e vindas do artigo ao editor (Ian Turner) e da entrada de mais uma coautora (Viviane Corrêa), que tinha acabado de defender sua dissertação e possuía dados de biomassa de árvores de praticamente todas as áreas em que amostramos as ervas-de-passarinho, o manuscrito foi finalmente aceito. O artigo não seria o mesmo, no entanto, sem as colaborações valiosas de vários colegas (especialmente Flávia Costa e Igor Kaefer), que ministraram a 1ª Oficina de Publicação Científica do PPGBEES, financiada pelo PROCAD – Amazônia (CAPES). As fotos contam o restante da história.


Fadini SRMC, Barbosa RI, Rode R, Corrêa V, Fadini RF. Above-ground biomass estimation for a shrubby mistletoe in an Amazonian savanna. Journal of Tropical Ecology. [link]




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